Só…

Não me sinto só mesmo quando estou em confinamento, tenho minha companheira ao lado, e nós, nossa filha.

Nos mudamos para Portugal em fevereiro de 2019 e já em março veio o primeiro confinamento devido os altos números de contágios e mortes por Covid-19.

Parem o mundo que eu quero descer. De tanto que pedimos isso, aconteceu. O mundo parou sem aviso prévio e agora não queremos mais, sentimos falta do frenesi, temos saudade da falta de tempo, queremos nos encontrar com aqueles que enquanto o mundo corria já não víamos, mas que agora na impossibilidade, sentimos tanta falta.

A pandemia abriu diversas feridas, que devido a alta velocidade das novas vidas mal sentíamos, o isolamento trouxe saudades, solidão, tristeza, mas também nos devolveu o tempo para pensarmos com mais cuidado sobre nossas rotinas, sobre mudança e sem dúvida, sobre sonhos, mesmo que esses fossem apenas sobre a volta da vida normal.
A série Só foi construída durante os primeiros momentos de confinamento aqui em Lisboa, as fotos foram feitas durante as esporádicas saídas para fazer compras, a linguagem é sem dúvida fotojornalística, sentia a necessidade de registrar momentos de uma cidade vazia, de pessoas que quando saiam de suas casas estavam sós.